Fábio Almeida

tristeza normal

A cantora Joana tem uma música que diz assim:

– Meu namorado é um sujeito ocupado, não manda notícia, nem dá um sinal…

Simplizinho, não é? Mas olha a pérola de pensamento com que ela fecha o refrão:

– Eu ando meio com medo, que um dia ainda ache a tristeza normal.

Não é bonito? Não estou com problemas amorosos, não é por isso que estou escrevendo. Estou escrevendo porque, se não escrevo, posso achar que não escrever é normal.

Para mim, escrever é uma das maiores riquezas  que o homem pode adquirir neste mundo predominantemente materialista, e no entanto, a gente faz tão pouco caso disso, pratica tão pouco e quando o faz, geralmente só faz por obrigação.

Quanto à letra da música, “… que um dia ainda ache a tristeza normal”, não parece, mas é de uma profundidade muito grande.

Pense bem. Alguém com um sentimento triste, seja saudade, dor de cotovelo, amor não correspondido, depressão ou outro qualquer, se essa pessoa passar a conviver com esse sentimento o tempo todo e não buscar uma alternativa para sair do círculo vicioso da dor, acabará achando a tristeza normal.

E a simplicidade da declaração “eu ando meio com medo…” é uma forma sincera de reconhecer que está sofrendo, mas não está conseguindo forças para reverter a situação.

Creio que podemos aprender muito com a letra dessa música, embora não saiba se, quando a autora a fez, tenha construído a estrofe com a intensidade do sentimento, ou apenas para formar mais um verso para canção. Isto também, pouco importa.

Eu adorei, afinal de contas, estou sempre com medo, não da tristeza a que ela se refere, mas das tristezas das coisas que faço ou deixo de fazer e que não me agradam, mas com o passar do tempo, começo a achar normal.

Bem, pelo o menos por escrever, espero não correr esse risco. Embora sonhasse ser um dia, um grande escritor, só o fato de escrever de vez em quando, nem que seja um pequeno texto, é o normal que desejo, sem tristeza, mas com prazer.

Um abraço, um beijo, uma cerveja, azeitonas e um queijo.

De seu amigo de sempre: Fábio Neruda 

Fábio Almeida

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