Fábio Almeida

Morte de uma crônica anunciada

 
Eu ia escrever:
 
 Ronaldinho Gaúcho chegou ao Atlético. Em suas primeiras entrevistas, dirá que apesar de outras alternativas, optou pelo Atlético pelo projeto apresentado e a estrutura que o clube possui, que é uma das melhores do país. Além do mais, a torcida do Atlético é diferente de todas as outras torcidas, os próprios jogadores de outros clubes dizem isso. E Ronaldinho aceitou vir para o Atlético, porque já foi campeão por outros clubes e pela seleção, mas está sempre a procura de novos desafios, e espera conquistar títulos pelo Atlético, porque o Atlético é um time grande e ele deseja ajudar o Atlético a levá-lo ao lugar que merece…
 
 Eu ia escrever mais, mas eu ia mentir, porque esse discurso está escrito há mais de trinta anos, por quase todos jogadores que passam pelo Atlético. Mas isso não é esclusividade do Atlético, não. Quase todos jogadores usam esse discurso em quase todos os times em que se apresentam, mudando um pouco o enredo e tempo de verbos, quando se trata de times mais acostumados a títulos.
 Eu ia falar de Ronaldinho, mas é um despropósito muito grande, pois todos sabem, de cor e salteado, o enredo dessa novela, que é mais conhecido do que as novelas de TV que se repetem nas tardes de todos dias. Porém, para não dizer que não falei das flores, vou escrever:
 
 Há cinco anos, mais ou menos, que Ronaldinho não joga nada. Se ele fosse um extra-terrestre eu até apostaria na sua recuperação, mas por se tratar de um ser humano, e um pobre ser humano sem carater profissonal, Ronaldinho está mais velho, mais cansado, despreparado, desmotivado e descomprometido. Se tivesse uma personalidade forte, de verdade, ou se tivese pelo ao menos personalidade, já teria abandonado a carreira com alguma dignidade. Mas, para cada um Zidane, existem milhares de Ronaldinhos.
 Ronaldinho vai ensair algum esforço, demonstrar alguns lampejos do que foi um dia. Arranjará “trocentas” desculpas para suas apresentações e resultados frustrantes… E no final, não saírá nem como herói, nem como vilão, porque existe uma “força invisível” que não deixa Ronaldinhos caírem em desgraça, enquanto houver interesse em ter alguém como ele, para atrair a atenção do público. E Ronaldinho aparecerá em outra “praça”, no país ou fora dele, e repetirá o mesmo enredo, os mesmos atos, e o teatro irá continuar. E quando as pessoas estiverem cansados dessa “peça triste, pobre, podre e frustrante”, já haverá outros Ronaldinhos, prontos para repetir o mesmo filme, o mesmo papel.
 É assim há muitos e muitos anos..
 Parece que todo mundo gosta disso.
 
 E minha crônica nasceu morta.
Fábio Almeida
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