O que que há

MANIFESTO: PADRE MAURO NO IBRAM

Este MANIFESTO, subscrito por um conjunto de técnicos e docentes da área de patrimônio, por lideranças comunitárias e por representantes de entidades e movimentos sociais, vem a público lançar o nome do Padre MAURO LUIZ DA SILVA, criador e curador do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos – Muquifu e atual Coordenador do Projeto de Pesquisa e Centro de Documentação NegriCidade, ambos situados em Belo Horizonte, à PRESIDÊNCIA do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM no futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

PADRE MAURO, sacerdote católico que exerce a função de Pároco na Paróquia Jesus Missionário, em Belo Horizonte, está à frente do Muquifu desde sua criação, em 2007, quando foi inaugurado no Aglomerado Santa Lúcia, em Belo Horizonte, o Memorial do Quilombo, rebatizado, em 2012, como Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos. Seu trabalho precursor à frente dessa iniciativa ganhou reconhecimento nacional e internacional, tornando-se referência em termos de uma museologia de base comunitária, que se desdobra em múltiplas ações de caráter social, de construção de políticas públicas, de lutas antirracistas e de reconhecimento da diversidade. Mais recentemente, PADRE MAURO adentrou o campo da investigação arqueológica, simbolizada pelo Projeto de Pesquisa e Centro de Documentação NegriCidade, que busca resgatar os Afro-patrimônios da capital mineira.

Por sua trajetória, competência técnica, compromisso com uma prática museológica plural e inclusiva, representatividade racial e social e por sua larga experiência com iniciativas transformadoras no campo dos museus, do patrimônio cultural e, de forma mais ampla, da cultura afro-brasileira, PADRE MAURO é nome alinhado à “nova definição” de museu, aprovada por representantes de mais de 500 museus em todo o mundo na 26ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (ICOM), realizada em agosto de 2022, em Praga, na República Tcheca. A “nova definição”, a ser adotada oficialmente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), estabelece a inclusão social, a diversidade, sustentabilidade, acessibilidade e a participação comunitária como fatores essenciais à atuação das instituições museológicas, frentes de atuação que marcam a trajetória de PADRE MAURO no campo museal. 

As ações, projetos e programas do Muquifu são referências no campo da museologia social para outros museus do Brasil e do mundo, assim como no de políticas públicas culturais. PADRE MAURO também se tornou expoente da prática museológica realizada a partir da articulação de redes colaborativas e aplicada ao enfrentamento das questões contemporâneas como desigualdade social, pobreza, racismo e ausência de equidade de gênero. 

Liderança no campo museal, a indicação de PADRE MAURO à Presidência do IBRAM pode, efetivamente, dinamizar e valorizar as ações dessa entidade, dos museus vinculados e de suas representações no desenvolvimento de políticas afirmativas que recoloquem a instituição no curso de sua atuação junto aos profissionais, instituições e órgãos incumbidos dos museus e patrimônio, no Brasil e no mundo.  Sua experiência e atuação no campo da preservação do patrimônio e da museologia lhe permitiram acumular conhecimentos relativos à gestão de instituições, processos curatoriais e de salvaguarda de acervos.

Nós, subscritores deste documento, entendemos que PADRE MAURO pode contribuir de forma decisiva com a transformação dos museus em espaços de  escuta ativa e na ampliação das ações dessas instituições, potencializando políticas públicas de desenvolvimento locais no enfrentamento das desigualdades e injustiça social.

Este MANIFESTO visa destacar seu compromisso com o campo do patrimônio e da museologia, bem como compartilhar suas potencialidades e possibilidades de atuação. Construído em colaboração por pesquisadoras(es), professoras(es), companheiras(es) de trabalho e pessoas amigas, propõe ser um espaço de interlocução e diálogo com a sociedade, compartilhando elementos da singularidade de sua atuação, num momento em que a Política Cultural ganha destaque, após quatro anos de ataques e desmontes. 

Os horizontes que se apresentam em relação à Cultura requerem não uma reconstrução, mas, sim, a ideação de novos paradigmas e o enfrentamento de desafios que permitirão seu efetivo reconhecimento como direito constitucional, fundamental para a cidadania diversa, plural e que reflita os valores da sustentabilidade social e da dignidade, em conformidade com as propostas de governo do presidente eleito Lula. 

TRAJETÓRIA ACADÊMICA E PROFISSIONAL E RECONHECIMENTO PÚBLICO

Aos 55 anos de idade, PADRE MAURO é Doutor e Mestre em Ciências Sociais pela PUC Minas, com tese de doutoramento intitulada O Patrimônio Sacro da Arquidiocese de Belo Horizonte e o Afro-Patrimônio de Belo Horizonte: da Capela Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Curral Del Rey (1819) à Igreja das Santas Pretas da Vila Estrela (2018), que foi defendida em 2021. Sua dissertação de Mestrado, HABEMUS MUQUIFU: Análise da criação e das coleções do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos, que foi defendida em 2018. Sua formação escolar inclui uma Especialização em Psicopedagogia e três graduações, em Filosofia (1990), em Teologia (1994), e em História e Tutela do Patrimônio Cultural (2012), esta última, equivalente ao curso de Museologia no Brasil, pela Universidade de Estudos de Pádua/Itália.  

PADRE MAURO é docente do Curso de Pós-graduação em Educação Patrimonial do Instituto de Pesquisa Pretos Novos – IPN, em parceria com a Faculdade Tecnológica de Curitiba – FATEC/PR, e membro eleito do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento de Minas Gerais. Atua no projeto “Interrogando a Educação das Relações Étnico-raciais no Brasil: experiências com Améfrica Ladina”, vinculado à Campanha pela Erradicação do Racismo na Educação Superior, promovida pela Cátedra UNESCO Educação Superior, Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina. Sua experiência estende-se, ainda, às áreas das Artes Plásticas e da Música. 

PREMIAÇÕES E RECONHECIMENTOS: 

2020 – Prêmio Zumbi de Cultura da Cia Baobá Minas, na Categoria Religiosidade;

2017 – Homenagem no Dia da Consciência Negra, Câmara Municipal de Belo Horizonte;

2017 – Homenagem da Pastoral do Surdo da Arquidiocese de Belo Horizonte;

2010 – Diploma de Honra ao Mérito ao Projeto Quilombo do Papagaio – Três Semanas de Paz e Cidadania no Aglomerado Santa Lúcia. Câmara Municipal de Belo Horizonte;

2009 – Prêmio Nacional de Direitos Humanos / Combate à Violência, USP;

2007 – Prêmio Nacional de Direitos Humanos / Combate à Pobreza, Secretaria Nacional de Direitos Humanos – Presidência da República Federativa do Brasil.

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