Cind Canuto

Sobre literatura

O princípio básico de uma relação íntima com a linguagem é que nem quando você diz o trem sem perceber.

O uai é fácil, vem do inglês – “why?”; pode e deve ser a pergunta mais usada no ensino inglesístico mineiro. Ou no ensino mineirístico de inglês, mesmo sem querer.

Quando você diz “olha pra você ver”, então a linguagem está madura pronta pra ser comida. Falo da mineira. (isso ficou ambíguo ou só eu vi?)

Depois disso, vem a literatura, e é claro que o princípio básico da literatura é o gibi. Eu nunca saí do princípio básico. É que tem muita coisa sem figuras que é igual gibi, não dá vontade de parar, dá vontade de ler de novo, você ri mesmo quando não é engraçado, fica esperando pela próxima publicação, etc. Com os gibis saí só de casa, eu podia voar e tinha poderes, ou eu era a dona da rua. Ou muita outra.

Depois vêm os filmes, que são gibis com pessoas, ou com desenhos como nos gibis mesmo, que se mechem, não no filme, mas parece que sim quando a gente vê. Com os filmes fui para variações possíveis de mundo. Conheci a linguagem que usam pra falar do restante desse país e a que faz você não esquecer uma fala de texto.

Além dos filmes há as revistas. Aquelas figuras, as falas principais bem grandes e uma tendência a fazer entrevistas, que são diálogos; tudo imitação de gibi…  Eu escutei alguém pensando que o diálogo é Antigo? Pois Platão devia ser um gibista – ultrapassado, por sinal. Nas revistas encontrei espaços brancos em mim, antes inexistentes, entretanto preenchidos por elas.

E, bem, chegam por último os livros. Além de alguns possuírem as tais figuras gibianas, creio que já chegamos a conclusão de que as palavras só precisam, unidas, ou nem tanto, criar a situação para fazer surgir as imagens. Com os livros a imaginação é mais solta. Não que isso seja ruim ou bom. Apenas é fato.

Cind Canuto

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