Apartar

– E agora, nego, quem será o meu parceiro,
Meu contraponto, meu fiel escudeiro?
Me diga, mano
Porque partiu na contramão,
Deixando a mãe, o pai, o filho e eu, irmão?
– É… meu preto, ele partiu pra nunca mais voltar
Estava tão lindo antes do baile
De boné novo e corrente no pescoço, era tão moço,
Mas agora só ficou você pra me ajudar.
– Nesse instante não posso, mãe
Mal consigo respirar
Queria era me diminuir e ao seu ventre voltar
Porque lá dentro, mãe
Eu sempre estive ao lado de meu mano.
– Ele está tão lindo, filho
Só não gostei dessas flores no seu peito
Vem cá, olha pra mim
Que vou te arrumar direito.
– Está tudo errado, mãe,
Eu é que devia ter ido,
Sou meio torto e não tenho filho,
Isso é muita maldade com a gente
E com o molequinho.
– Sua mão está fria, filho,
Mas sabe por quê?
Porque agora o mundo todo é frio.
Onde já se viu separar a mãe do filho.
Robert de Andrade