O maior amor do mundo
Outro dia vi a propaganda de um filme brasileiro, com o José Wilker, intitulado “O Maior Amor do Mundo”. Parecia tratar do amor de um senhor por uma moça, no frescor e rigidez de seus vinte e poucos anos… Não sei, não assisti ao filme, mas a poética obviedade do título, somada aos trechos exibidos, chamou-me a atenção.
Todo amor é o maior amor do mundo, e, em se tratando de amor, não há como falar de pequenos ou grandes, é simplesmente amor, e o maior. Pode-se falar em mais ou menos simpatia, mais ou menos tesão, mas o amor, dada sua nobreza, não admite tal gradação plebéia.
Tentar definir o amor seria como tentar colocar o mar dentro de um copo lagoinha – agora eu me senti o Wando, definitivamente. Porém, sendo um sujeito neurótico agarrado ao Simbólico, me aventuro nesta ousada empreitada e me arrisco a dizer que o amor é aquilo que te invade silenciosamente, acendendo algo que faz brilhar os olhos, de modo a iluminar futuros e histórias que você ainda não havia imaginado. O amor, então, pode-se dizer, é o pai da esperança, uma espera com dança, na cadência de um compasso que muda nossa respiração e nos faz suspirar sem saber por quê.
É aquilo que te faz desejar uma mulher também como mãe de seus filhos.
Tanto pode começar, como pode acabar em qualquer esquina, já o dizia Paulo Mendes Campos. E, se sua saída de nossa morada pode ser difícil de identificar – porque não a queremos –, a chegada de um amor é inconfundível, embora sempre se anuncie com fantasias. Aliás, deve ser por isso que a vida ganha ares de festa…
Mas acredito que a grandeza maior do amor – e de cada um deles – explica-se pelo fato de se tratar de uma experiência essencialmente singular, embora universalmente conhecida. Por isso é o sentimento preferido das penas dos poetas, em todos os sentidos. Não seria a poesia a arte de bem universalizar o que é desmesuradamente subjetivo? Pois bem, se a singularidade de cada ser humano faz únicas as suas dores e experiências, não seria diferente com o amor, cuja força escapa a qualquer limite, alcançando o universal. Assim, não havendo como dividir ou compartilhar a essência de um sentimento que vibra insistente, se não existem meios de estabelecer paralelos de comparação para defini-lo ou medi-lo, este só pode ser o maior sentimento do mundo, pelo menos para quem o sente.
Não sei quanto a vocês, mas ando acreditando que o maior amor do mundo vem de olhos doces e mirada profunda, tem sorriso meigo e jeito de flor, daquelas que só crescem nos mais belos jardins de Florença…
Barroso da Costa