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A escola e os partidos

Pela primeira vez dá-se ênfase à questão da postura dos professores em relação aos conteúdos ministrados em sala de aula. Contudo, essa discussão foi iniciada nos idos dos anos 2000, não por acaso. Em 2002 tivemos a vitória de um partido ligado à classe trabalhadora para a presidência da república.

As forças conservadoras que se mantiveram a frente do governo do país desde sua independência, em um processo de autocrítica, começaram a se questionar sobre os motivos do avanço dos partidos populares e a falta de prestígio, se não antipatia, que estavam colhendo do eleitorado.

Junto a isso dois grandes grupos midiáticos investiram no ramo dos livros didáticos, não tardou e as primeiras “reportagens” surgiram atacando o conteúdo de alguns livros de história, notadamente a coleção Nova História Crítica, líder na preferência dos professores de história do ensino fundamental público, escolhidos na lista de livros do MEC para a distribuição gratuita.

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As críticas ao livro referiam-se à sua postura em afirmar os pontos positivos de governos socialista e comunistas, assim como os pontos negativos, esses últimos não expostos pelas reportagens.

Após a pressão da mídia, o livro não entrou mais na lista de escolha do MEC e todas as outras coleções se enquadraram nessa nova perspectiva, ao ponto de ocultarem a participação desses veículos de comunicação em momentos autoritários como o Golpe de 1964.

As discussões sobre a escola não ter partido surgem, então, em um processo de perda de poder conservador além da motivação econômica. Talvez, por esses motivos, volta a ganhar destaque em nossos dias o controle das posições políticas dos professores em sala de aula, os livros já estariam “controlados” em um ambiente onde o conservadorismo avança. Porém, isso só a história dirá.

 

Dener Antônio Chaves

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