Robert de Andrade

Genialidade ou loucura: O editor Monteiro Lobato

Resumo

O presente trabalho propõe uma reflexão sobre a produção editorial no Brasil na década de 1920, tendo como objeto de estudo o livro Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, editado por Monteiro Lobato. A partir dessa edição da obra, lançada em 1925, é possível a discussão sobre até que ponto o editor pode interferir em um texto que não é de sua autoria e o quanto suas intervenções irão impactar na relação com o leitor. Para isso, foram analisadas algumas das interferências sofridas pela obra, através de comparação com o texto original, mantendo o foco no discurso e não tanto da integridade do autor.

Palavras-chave: Edição. Produção Editorial. Monteiro Lobato. Manuel Antônio de Almeida.

 

 

INTRODUÇÃO

As publicações no Brasil da década de 1920 podem ser divididas entre dois modelos de produção literária: conservadora e moderna. O expoente da primeira era Olavo Bilac, em contraponto temos Oswald de Andrade, que propõe uma nova estética ao texto, mais livre e menos formal (PILAGALLO, 2009). Se na atualidade vemos transformações profundas nos meios de comunicação, muitas vezes como uma ameaça a modelos tradicionais, no início de século XX um certo medo pairava entre os escritores brasileiros diante de uma pretensa nova estética, que não era apenas literária, se estendendo a diversos campos artísticos. Monteiro Lobato se posicionou em relação ao modernismo com o polêmico artigo “Paranoia ou mistificação?” publicado no Estadinho, em 20 de dezembro de 1917, no qual faz uma crítica dura à exposição de telas de Anita Mafaltti, em São Paulo. Lobato usou o evento, que tornaria a jovem artista Mafaltti o estopim do modernismo (BRITO, 1978), para atacar também outras vanguardas artísticas:

Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum impressionismo discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura. Sejam sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural. (LOBATO, 1917).

Nesse cenário de intensa transformação, acreditando-se que a cultura só se constrói a partir da mútua e ininterrupta interferência entre sujeito e sociedade (COSTA, 2009), procura-se dar relevo à função instrumental da literatura, por meio da exemplificação de projetos editoriais mais ousados, no sentido de veicular posicionamentos críticos que maximizem a dimensão social da arte. Nesse sentido, ressalta-se o papel do editor, “que pode ser uma barreira intransponível entre um escritor, com um manuscrito, e um autor, e os leitores, mas que pode, também, ser a ponte entre um escritor inédito e um autor consagrado e lido” (BRAGANÇA, 2005, p. 224).

A Semana de Arte Moderna ocorrida entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922 é sem dúvida um marco histórico da arte brasileira. No entanto, essa mudança já vinha ocorrendo há mais tempo, com personagens pontuais, como Manuel Antônio de Almeida, com o livro Memórias de um sargento de milícias, lançado como folhetim entre 1852 e 1853, no Correio Mercantil do Rio de Janeiro. A obra foi interpretada pelo crítico José Veríssimo, no final do século XIX, como sendo um romance pré-realista (TEIXEIRA, 1997). A Almeida pouco interessava a moda literária, com isso, escrevia sem compromisso, em tom direto, cômico, retratando a gente simples que vivia no Rio de Janeiro.

Monteiro Lobato aparece nesse contexto não apenas como crítico contumaz aos modernistas, nem por seus livros infantis e por sua posição política ao defender ferrenhamente a exploração de petróleo no Brasil, mas como um editor. Dono da Monteiro Lobato & Cia., entre 1920 e 1925, onde atuou por 5 anos promovendo transformações expressivas no modo de editar livros no Brasil, lançando autores importantíssimos para a literatura nacional.

Nesse momento não havia no país nenhum importante editor nacional. As editoras brasileiras imprimiam na Europa. Além disso, éramos uma nação de poucos leitores e sem oficinas tipográficas (CAVALHEIRO, 1955). Para Lobato esse era um cenário oportuno para se enveredar no mercado editorial.

A partir desse recorte, pretende-se um estudo acerca da metodologia utilizada pelo editor Monteiro Lobato para a seleção das obras a serem publicadas, bem como o nível de interferência que se fazia nos textos editados, com ou sem o consentimento do autor. Como objeto de estudo será tomada a obra Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio da Almeida, cujo texto sofreu profundas interferências por parte do editor Lobato.

O tema permite discussões sobre os processos que envolvem a criação de um produto editorial, no caso, o livro, em sua forma, mas principalmente no conteúdo. Se na atualidade vemos significativas transformações nos produtos editoriais, movidos pelo surgimento de novas tecnologias, o contexto histórico em que se dá o recorte deste artigo também foi marcado por grandes transformações, no campo da linguagem e da estética. Hoje se discute muito o suporte, enquanto antes era discutida a linguagem.

Genialidade ou Loucura

Monteiro Lobato foi um leitor inveterado que lia tudo o que lhe caía às mãos. Mantinha posições críticas e sempre expressava sua opinião sobre os textos lidos em artigos, como demonstra o trecho a seguir, publicado em São Paulo pela Revista do Brasil, nº 39, em março de 1919:

Nos livros cariocas de Machado de Assis o leitor entrevê desvãos do Rio. Machado, criador de almas, raro curava da paisagem urbana. Em Lima Barreto conjugam-se equilibradamente as duas coisas: o desenho dos tipos e a a pintura do cenário; por isso dá ele, melhor que ninguém, a sensação carioca. É um revoltado em período manso de revolta. Em vez de cólera, ironia; em vez de diatribe, essa nonchalanche filosofante de quem vê a vida sentado num café e amolentado por um dia de calor… (apud CAVALHEIRO, 1955)

A inquietação literária, veia crítica e busca incessante por novos textos levou Lobato à vida editorial. Em 1918 ele adquiriu a Revista do Brasil, dois anos mais tarde formou a Editora Monteiro Lobato e Cia. (ROSA, 1999). Além de publicar seus próprios livros, procurava por novos autores, muitos ainda desconhecidos. Atuava como editor que debruçava sobre as minúcias do texto, não se dedicando somente aos aspectos literários, mas com uma preocupação mercadológica. Isso está expresso em carta destinada a Lima Barreto, sobre a baixa vendagem do livro Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá:

Teu livro sai pouco, sabe por quê? O título! O título não é psicologicamente comercial. O bom título é metade do negócio. Ao ler o título de teu romance toda gente supõe que é a biografia de… ilustre desconhecido. (apud CAVALHEIRO, 1955)

A posição contrária ao movimento modernista não o impediu de buscar autores que vinham quebrando o modelo tradicional da produção literária brasileira. O próprio Lima Barreto, a quem Lobato tinha grande e assumida admiração, foi um autor revolucionário em seu tempo. Mas há um ponto em sua trajetória em que é possível separar o crítico literário do editor. Em 20 de dezembro de 1917, o crítico Lobato publicou um artigo na Folha de São Paulo chamando Oswald de Andrade para o debate acerca do modernismo, onde afirmava: “Arte moderna, eis o escudo, a suprema justificação.” E teve como resposta: “Os naturalistas mais perfeitos são os que conseguem iludir.” Mais adiante, em 1923, temos Oswald compondo o catálogo de autores de Monteiro Lobato & Cia. Ou seja, ele despertou o seu interesse no sentido mercadológico.

Monteiro Lobato foi sem dúvida uma personalidade multifacetada, não apenas pela atuação profissional bastante diversificada, mas por assumir muitas vezes papéis contraditórios e levar a cabo projetos como a edição do livro Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Obra que já se encontrava em domínio público nessa época e era conhecida por sua inclinação para o retrato social (TEIXEIRA, 1997).

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O livro foi lançado em 1925. Porém, Lobato não se conteve em utilizar o texto original e se debruçou sobre a obra, tal qual fazia com autores incipientes. Ele colocou em prática o exercício realizado pelo leitor que Roger Chartier pontua no texto “Comunidade de leitores” onde, no processo de atualização de textos, devem-se considerar as formas como eles são recebidos e apropriados pelos leitores e editores.

Como leitor, Monteiro Lobato estava livre para se apropriar do texto de Almeida da forma que lhe conviesse. No entanto, ele o fez na condição de editor; embora este desempenhe um papel de grande relevância na publicação do livro, a figura do autor ainda é o delimitador desse processo, como aponta Aníbal Bragança:

E todos os que já publicaram livros podem dar testemunhos da participação do editor em suas obras, em algumas desde a concepção. Incisões, revisão, copidesque e até aposição de título são intervenções, em geral esquecidas, mas que contribuem, na maioria das vezes, para tornar melhor o trabalho do autor, que, algumas vezes, as aceita de boa vontade, em outras, muito relutantemente. Ou as recusa e execra, com ou sem razão. (BRAGANÇA, 2005, p.222)

Na nota de editor da primeira edição do livro Memórias de um sargento de milícias, de 1925, Lobato demonstra ter consciência de que está desrespeitando a integridade do autor, e tenta se justificar ao convidar os leitores a fazerem a comparação entre o texto original e aquele que por ele fora editado: “Os leitores que comparem os dois sistemas de mostrar respeito a uma obra já no domínio público, e julguem.” (LOBATO, 1925, p. 8)

Para o editor, a obra estava repleta de erros e precisava ser “depurada de todos os defeitos”. Ora, Manuel Antônio de Almeida se diferenciou de seus autores contemporâneos por escrever de forma descompromissada, como também fazia João do Rio e mais tarde Guimarães Rosa, embora tivessem um profundo conhecimento da língua portuguesa.

Após as alterações do editor, a obra de Manuel Antônio de Almeida, que na primeira edição tinha 462.400 caracteres totais e 272 páginas, passou a 395.600 caracteres totais e 230 páginas (CARVALHO, 2002). Contudo, as mudanças realizadas por Monteiro Lobato não se concentravam apenas na supressão de palavras e expressões, mas também na substituição de termos.

A seguir uma comparação entre um trecho do primeiro capítulo da primeira edição de Memórias de um sargento de milícias e a edição publicada por Lobato.

Primeira edição:

Mas voltemos à esquina. Quem passasse por ahi em qualquer dia util dessa abençoada época veria sentado em assentos baixos, então usados, de couro, e que se denominavão — cadeiras de campanha — um grupo mais ou menos numeroso dessa nobre gente conversando pacificamente em tudo sobre que era licito conversar: na vida dos fidalgos, nas noticias do Reino e nas astucias policiaes do Vidigal.

Palavras e termos suprimidos ou substituídos por Monteiro Lobato:

Mas voltemos á esquina. Quem passasse por ahi em qualquer dia util dessa abençoada época veria sentado em assentos baixos, então usados, de couro, e que se denominavão — cadeiras de campanha — um grupo mais ou menos numeroso dessa nobre gente conversando pacificamente em tudo sobre que era licito conversar: na vida dos fidalgos, nas noticias do Reino e nas astucias policiaes do Vidigal.

Versão final após a edição lobatiana:

Quem passasse pelo canto dos meirinhos[1] em qualquer dia util dessa abençoada época veria um grupo delles sentados em cadeira de couro, dictas[2] — cadeiras de campanha — um grupo mais ou menos numeroso dessa nobre gente conversando pacificamente sobre tudo que era licito conversar: vida dos fidalgos, noticias do Reino ou astucias policiaes do Vidigal.

Nota-se nessa pequena passagem que Monteiro Lobato não está fazendo apenas uma revisão gramatical, mas também alterações estilísticas. A supressão da primeira frase do parágrafo citado, “Mas voltemos à esquina”, onde o narrador reforça a proximidade ao convidar o leitor a retornarem “juntos” a outro ponto da narrativa, resulta em um novo pacto de leitura. Esse novo narrador é mais conciso e não tem tanta intimidade com o seu leitor modelo (ECO, 1994). Essa brevidade também pode ser observada na substituição da frase “e que se denominavão” por “dictas”.

As intervenções feitas por Lobato à obra de Manuel Antônio de Almeida são recorrentes no processo de edição de um livro. No entanto, as mudanças são negociadas com o autor. No presente caso, este já havia falecido há 64 anos, impossibilitando esse tipo de relação.

Monteiro Lobato, ao interferir na obra de Almeida, atuou como um editor com profundo conhecimento do seu ofício, acreditando estar conferindo ao texto um nível de correção e depuração linguística que o tornasse mais eficaz como veículo de uma mensagem (BUENO, 2005), e não estava preocupado em conservar o demasiado respeito, comum no meio editorial, ao autor. Fez isso de forma assumida e consciente, como consta na nota de editor do livro:

Além do desleixo natural do autor, tiveram as Memórias contra si o “respeito” dos editores, apostados em conservar todas as máculas do estilo, com acrescentamento de numerosíssimas outras, filhas da revisão apressada. (LOBATO, 1925, p. 8)

Lobato acreditava que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude”, e o eu seu papel como editor implicava, ao que tudo indica, fazer valer essas regras. Por outro lado, era movido por sua vocação e paixão pela vida literária. Segundo afirma Silvia Senz Bueno, esse comportamento é recorrente na história da produção editorial: “durante séculos, o ofício da impressão, e o do editor tiveram, por técnica, e também por espírito, muito mais de arte que de ofício, de artesanato que de indústria, de devoção que de negócio” (2005, p. 356, tradução nossa).

A edição de Lobato aparece na história como mais uma de suas provocações, sem tirar o seu mérito como um dos mais importantes editores brasileiros. Entretanto, sua versão de Memórias não prevaleceu, como pode ser observado na edição de 1997 publicada pela Klick Editora em parceria com o Estadão, cujo texto original do autor foi mantido, havendo apenas a adequação à ortografia vigente.

Mas voltemos à esquina. Quem passasse por aí em qualquer dia útil dessa abençoada época veria sentado em assentos baixos, então usados, de couro e que se denominavam – cadeiras de campanha – um grupo mais ou menos numeroso dessa nobre gente conversando pacificamente em tudo sobre que era lícito conversar: na vida dos fidalgos, nas notícias do Reino e nas astúcias policiais do Vidigal.

Conclusão

Manuel Antônio de Almeida não fazia questão da autoria de seus textos, entre junho de 1852 e julho de 1853 publicou, anonimamente, os folhetins que compõem as Memórias de um sargento de milícias, mais tarde reunidos em livro entre 1854 e 1855, em dois volumes, com o pseudônimo de “Um Brasileiro”. Apenas na 3ª edição, em 1863, já póstuma, a obra apareceu com seu nome verdadeiro.

Almeida, na condição de autor empírico, optou por abrir mão da autoria do texto, mas isso não exclui a figura do autor-modelo. Nesse sentido, as intervenções feitas por Monteiro Lobato foram muito mais impactantes do que se pode perceber num primeiro momento. Por mais que o nome do autor, como consta na capa desta edição, seja o de Manuel Antônio de Almeida, o autor-modelo, aquele que cria uma simetria com o leitor-modelo, já não é, absolutamente, o mesmo.

Segundo Umberto Eco, essa entidade é a “Voz [que] se manifesta como uma estratégia narrativa, um conjunto de instruções que nos são dadas passo a passo e que devemos seguir quando decidimos agir como leitor-modelo”. (1994, p. 21, grifo nosso). Mesmo com a afirmação de Lobato, na nota de editor, de estar depurando os defeitos dessa “obra prima: linda creatura coberta de frangalhos, cara suja, cabelos despenteados, unhas compridas…” (LOBATO, 1925, p. 8), ele estava fazendo muito mais. Após suas intervenções temos um novo autor-modelo que irá envolver o leitor-modelo em um novo jogo, pois as regras serão outras. O primeiro, presente no texto original, tem uma voz mais desprendida, preocupada com o retrato social, enquanto que o novo é mais formal e preocupado com as regras da língua portuguesa. Assim, é possível afirmar que esta edição é, na verdade, uma versão que Monteiro Lobato deu à obra, atribuindo a ela a voz que queria que fosse ouvida.

 

 Robert de Andrade

 

 

 

 

Bibliografia:

ALMEIDA, Manuel Antônio. Memórias de um sargento de milícias. 1. ed. São Paulo: Editora Monteiro Lobato e Cia., 1925.

ALMEIDA, Manuel Antônio. Memórias de um sargento de milícias. 1. ed. São Paulo: Klick Editora, 1997.

BARRETO, Lima. Os bruzundangas. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001.

BRAGANÇA, Aníbal. Em Questão. Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 219-237, jul./dez. 2005.

BRITO, Mário da Silva. História do modernismo brasileiro – Antecedentes da semana de arte moderna. 6. Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

BUENO, Silvia Senz. En un lugar de La “mancha”…: Processos de control de calidad del texto, libros de estilo y políticas editoriales. Panace@. Vol. VI, nº21-22. Septiembre-diciembre, 2005.

CARVALHO, Lilian Escorel de. Monteiro Lobato e Manuel Antônio de Almeida: um caso de co-autoria na história do livro e da literatura no Brasil. São Paulo, 2002. Dissertação (Mestra em Jornalismo) Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicação e Artes – Universidade de São Paulo, 2002.

CAVALHEIRO, Edgard. A correspondência entre Monteiro Lobato e Lima Barreto. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação/ Ministério da Educação e Cultura, 1955.

CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII. 2. ed. Distrito Federal, 1999.

COSTA, Domingos Barroso da. A crise do supereu e o caráter criminógeno da sociedade de consumo. Curitiba: Juruá, 2009.

ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

PILAGALLO, Oscar. A história do Brasil no século 20. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2009.

ROSA, Nereide Schilaro Santa. Monteiro Lobato: biografias brasileiras. 2. ed. São Paulo: Callis, 1999.

[1] A expressão “por ahi” foi substituída por: “pelo canto dos meirinhos”.

[2] A expressão “que se denominavão” deu lugar a: “dictas”.

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