Robert de Andrade

Motivos futebolísticos

 

Futebol, até quem não gosta torce. E quando não torce a favor, torce contra. Outro dia perguntei a um moleque: “você torce pra que time?”, “pra nenhum, mas não gosto do Flamengo nem a pau”, ele respondeu. Esse menino, com seus 11 anos, tem lá seus motivos futebolísticos para não ser torcedor de time nenhum, mas ficou claro que o seu problema é de paixão. Talvez o seu clube do coração tenha o magoado nos últimos tempos e como protesto ele prefira se dizer um não-torcedor. No entanto, esse garoto franzino não conseguiu perder a rivalidade, afinal o menino sabe muito bem de qual time não gosta. Ele falou com tanta convicção que duvido muito que não tenha devoção por um clube, e que esteja apenas temporariamente adormecida.

Eu, como um bom atleticano (não consigo ser imparcial quando o assunto é futebol), tive lá meus momentos de negação, mas nunca deixei de não me incomodar com o nosso maior rival. O Galo vivia me magoando e às vezes me levava a um profundo desanimo. Com o passar o passar o tempo as coisas mudaram, mais em mim que no time. Descobri que o clube para o qual torcemos é uma entidade, algo que acima do nosso alcance, uma promessa permanente de felicidade.  Os times não feitos por jogadores, mas sim por aqueles que os assiste, pelo torcedor, que fica abatido, às vezes torce em silêncio, sofre calado para, vez ou outra, comemorar junto à massa.

Agora minhas resenhas (de boteco) não são mais sobre contratações e dispensas, presidentes e diretores. Falo apenas do meu clube, da sua história, da minha identificação com a sua personalidade, do meu orgulho de ser atleticano, mesmo com muita gente torcendo contra.

Robert de Andrade

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