Robert de Andrade

Não importa quanto, importa como

Tem muita gente incomodada com o projeto dos ministérios da Saúde e Educação que prevê a implantação de maquinas de camisinha em escolas públicas. Obviamente, a maior parte dos incomodados são pais, também o sou, mas invenção não me incomoda tanto quanto a vulgarização do sexo em diversos gêneros musicais e outras, ditas, expressões artísticas.

A revolução sexual ocorreu entre 1960 e 70, ou seja, acabou há mais de 31 anos. Ela não foi impulsionada apenas pelo surgimento das pílulas anticonceptivas. O movimento envolveu uma mudança de comportamento, o sexo ganhou uma nova significação social. As mulheres, principalmente, adquiriram um novo status, uma maior independência. Essa liberdade acabou desencadeando discussões que fogem do contexto da sexualidade, reverberando na política, no mercado de trabalho e em outras instâncias sociais.

No início dos anos 80, com a chegada do vírus HIV, descobre-se que o sexo mata, enterrando de vez a revolução. O sexo perde a conotação de uma década atrás e passa a ser um problema de saúde pública que atinge todas as classes sociais. Torna-se frequente a morte de artistas famosos, como Cazuza, Fred Mercury, Renato Russo.

Sabe-se que a AIDS não tem cura, ou se tem, não é compartilhada. O fim da doença poderia desencadear uma nova libertação sexual, impulsionada por sua banalização como já vem ocorrendo? Talvez, mas ainda sim tenho a erradicação do vírus como um bem para a humanidade.

Creio que o acesso ao preservativo, assim como o surgimento dos contraceptivos nos anos 60, não será responsável por uma conflagração. A camisinha de borracha começou a ser fabrica em série em 1870, ou seja, mais antiga que os nossos avós, e mesmo após 141 anos muitos ainda não se habituaram ao seu uso.

Se, contudo, as maquinas de preservativos forem o principal responsável por estimular os nossos filhos a fazerem sexo, que mal há em fazê-lo de forma segura?

Robert de Andrade

Os Impublicáveis

Previous post

No mato... sem cachorro

Next post

Hortifrutigranjeiro