Robert de Andrade

trovão

Meu pai me ensinou a trovejar
Na hora certa pros demais engolir o choro
Pra saber o motivo válido das coisas a reclamar
Pois bom da vida é como ouro
Tipo aquelas tardes que o sol pousa nas costas do mar
Enquanto a maldade é querela que se sente no couro

Minha mãe de sabença me encheu
Dizia que o jumento, mesmo com a lomba machucada,
Garante o coxo que por razão é seu
Quinem seu dono que dependurando na inchada
De fome nunca um filho seu morreu

Então Mané, mesmo com a palma ulcerada,
Se te faltar a bóia
Esbraveja com essa língua afiada
Pois ela é tudo que te sobra

Robert de Andrade

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